Na tribuna: o que foi destaque na fala dos vereadores no Rol de Oradores do dia 29 de dezembro
Nesta segunda-feira (29/12), a Câmara Municipal de Bauru promoveu a 10ª Sessão Extraordinária de 2025. Durante o Rol de Oradores, 13 vereadores usaram a tribuna. Confira o que foi abordado em cada discurso.
Markinho Souza (MDB) foi o primeiro a usar a tribuna. O presidente da Casa de Leis bauruense destacou que 2025 foi um ano de muito trabalho para o Poder Legislativo. Ele também elencou problemas que ainda assolam Bauru e cobrou ações efetivas para solucioná-los. Nesse sentido, mencionou que o Município precisa avançar no tratamento dado ao lixo, zerar a fila de espera em creches, dar dignidade às famílias que ainda aguardam a escritura de suas casas, cessar as crises hídricas e revitalizar a região central da cidade. “Que a gente possa ter um ano de 2026 com realizações de fato”, disse Markinho.
Natalino da Pousada (PDT) foi o primeiro vereador a lembrar que as festas de final de ano vêm acompanhadas por fogos de artifício, o que gera preocupação nos tutores de animais de estimação. Com isso, pediu que a Prefeitura avance na regulamentação e implantação da Lei Municipal n.º 7.476/2021, que proíbe o manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de estampidos e de artifícios, bem como quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso. Outro tema abordado pelo parlamentar foi a morte de uma jovem de 21 anos que se afogou na Lagoa da Quinta da Bela Olinda no dia de Natal. Natalino afirmou que o caso passa a compor uma triste estatística, que escancara a imobilidade da Prefeitura para solucionar o problema e a falta de opções de lazer para a população.
Pastor Bira (Podemos) iniciou sua fala apontando que não vislumbra sinais de que Bauru avançará na solução de problemas cada vez mais latentes. Citando o aumento da procura pelos serviços da Associação Galpão, que oferece banho e refeições a pessoas em situação de rua, o vereador afirmou: “Nós não estamos melhorando”. Bira também expôs que tem recebido contínuas reclamações sobre problemas de infraestrutura que afetam bairros como o Jardim Manchester. Ele mencionou a situação de famílias que convivem com a falta d’água por dias, a dificuldade que ambulâncias enfrentam para acessar residências em localidades onde a terra dá lugar ao asfalto e falhas na coleta de lixo. Com isso, argumentou que o Poder Legislativo precisa estar mais conectado com a comunidade e dimensionar os impactos que cada projeto que passa pela Casa de Leis tem sobre os bauruenses. “Não podemos perder a convicção de que estamos fazendo o certo, e não o conveniente”, disse ao cobrar mais empatia dos colegas parlamentares.
Sandro Bussola (MDB) também usou a tribuna para pedir uma intervenção “urgente e imediata” da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Bem-estar Animal na Lagoa da Quinta da Bela Olinda. “Até quando vamos ver famílias sofrerem e perderem seus familiares para aquele local?”, indagou o parlamentar. Sandro ainda abordou a concessão dos serviços de limpeza urbana e manuseio de resíduos sólidos, projeto do Poder Executivo aprovado pela Câmara em 2025. Ele disse que o Poder Legislativo foi criticado e humilhado ao longo do processo de discussão e votação da matéria, mas quem está disposto a exercer o mandato precisa superar os desafios. Nesse sentido, defendeu a decisão da Prefeitura de passar os serviços para uma empresa privada, usando os problemas na coleta registrados durante o feriado de Natal como parte do argumento. Sandro também teceu críticas a colegas parlamentares que assumem a identidade de vereadores de direita e, segundo ele, não demonstram isso na prática. “Tem uns aqui que são da direita de sachê, e não do Elefante”, ironizou antes de afirmar que as suas próprias decisões são baseadas em estudo e análise.
Junior Lokadora (Podemos) contou que recebeu reclamações referentes à coleta de lixo durante o feriado de Natal, mas contrapôs o discurso do vereador Sandro Bussola, enfatizando que o problema está relacionado à falta de gestão e não aos servidores que executam o serviço. E completou: “É sempre o povo pobre que sofre nesta cidade”. Na sequência, Lokadora voltou a criticar as ações da prefeita Suéllen Rosim (PSD) e disse que conserva dúvidas sobre a concretização de promessas dela para solucionar problemas que afetam a vida dos bauruenses, como a falta d’água. Por fim, o parlamentar deu publicidade ao seu balanço de produtividade parlamentar, com dados sobre a atuação de seu gabinete ao longo de 2025. Entre as informações apresentadas, estavam as cinco maiores demandas da população que chegaram até ele: saúde; terrenos e mato alto; zeladoria e obras; poda de árvores e sinalização de trânsito.
Edson Miguel (Republicanos) também usou a tribuna para cobrar a regulamentação e aplicação da Lei Municipal n.º 7.476/2021, que proíbe o manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de estampidos e de artifícios, bem como quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso. Edson ainda pediu que a população faça sua parte, lembrando que não são apenas os animais de estimação que sofrem com a situação. Outro tema levado para a tribuna pelo vereador foi a situação de bairros da cidade cujas ruas são de terra (ele citou especialmente o Chácaras Cornélias). Cenário agravado pelas chuvas, que também causam alagamentos em diversos locais de Bauru.
Estela Almagro (PT) subiu à tribuna para fazer aquilo que nomeou como “balanço dos desastres das políticas públicas do governo Suéllen Rosim”. Ela enfocou dois pontos principais, que classificou como simbólicos. O primeiro foi a inabilidade da Prefeitura para enfrentar a onda de furtos em escolas municipais. Estela afirmou que a comunidade escolar está abandonada: “Não adiante debater segurança pública quando tem incompetente para tocar política educacional, que não se restringe ao aspecto pedagógico”, disse a vereadora. A parlamentar também mencionou os constantes alagamentos no prédio da Unidade de Transporte de Pacientes (UPP), que foi levada para a Avenida Alfredo Maia, mesmo com a constatação de que a região sofre com a falta de drenagem. “Como os servidores podem atuar em uma situação como essa em plantões ininterruptos?”, indagou antes de encerrar sua fala manifestando discordância perante a nota oficial emitida pela Emdurb para justificar os problemas na coleta de lixo, não explicando que durante as festas de final de ano a empresa fica sem a mão de obra dos reeducandos. “A Emdurb está sendo sucateada para ser entregue por essa concessão de 30 anos aprovada por esta Casa sem nenhum debate com a comunidade”, concluiu.
José Roberto Segalla (União Brasil) afirmou que há poucas coisas para Bauru comemorar neste final de ano. Numa referência ao PL n.º 94/2025 (processo n.º 338/2025), que trata do ajuste na base de cálculo de impostos municipais, o vereador declarou: “Vamos votar mais uma vez em coisas que desconhecemos”. Segalla mencionou que não há clareza no método empregado para a correção, já que a única informação dada é que um grupo de corretores desempenhou o estudo que embasou o projeto. Segalla apontou que os corretores tendem a defender o interesse dos proprietários de imóveis e os bauruenses, em geral, vão sentir o impacto do projeto no bolso quando forem pagar especialmente o ITBI. “Isso é manobra da Prefeitura, porque na reforma tributária o ISS foi extinto. Então, não há mais como fazer reforço de caixa, só há uma única saída: IPTU”, afirmou Segalla.
Julio Cesar (PP) relatou que esteve no Val de Palmas para verificar a situação das ruas do bairro. Na sequência, endossou pedidos já apresentados à Prefeitura Municipal com foco em melhorias na infraestrutura de diversos pontos da cidade. O vereador citou, por exemplo, a situação enfrentada pelos moradores do Jardim Country Club em época de chuva. O acúmulo de lixo durante o feriado também foi criticado pelo parlamentar, bem como a soltura de fogos de artifício durante as festas de final de ano. Julio lembrou que crianças, idosos e pessoas com Transtorno do Espectro Autista são afetadas pela situação.
Eduardo Borgo (Novo) fez críticas à atual gestão da Emdurb, à prefeita Suéllen Rosim e ao secretário municipal de Governo, Renato Purini, ao afirmar: “Estão quebrando a Emdurb para justificar a privatização”. Os problemas na coleta de lixo registrados no feriado de Natal foram citados pelo vereador como parte dessa estratégia. Borgo também voltou a mencionar que votou contra o projeto que autoriza a Prefeitura a fazer a concessão do lixo por princípios éticos, o que independe da sua posição como um político de direita. Por fim, elencou aquilo que classificou como promessas não cumpridas pela prefeita: a reforma da estação ferroviária e do sambódromo; a construção do Hospital Municipal; a conclusão do Plano de Cargos e Carreiras, do Plano Diretor, da Lei de Zoneamento e o corte de cargos nas secretarias municipais. Como contraste, mencionou que as realizações da atual Administração Municipal são escândalos que resultaram em Comissões Especiais de Inquérito, na possível criação de uma taxa do lixo e no endividamento do município.
Mané Losila (MDB) afirmou que Bauru precisa resolver muitos problemas, mas pediu que a prefeita Suéllen Rosim; o secretário de Governo, Renato Purini; e o presidente do DAE, João Carlos Viegas da Silva, deem atenção especial ao abastecimento de água na região oeste da cidade: “Precisamos que em 2026 todo aparato para solução da escassez de água na região oeste seja contratado e acelerado, para que findado o ano tenha regularizado abastecimento naquela região”, afirmou.
Marcelo Afonso (PSD) também discursou durante a sessão extraordinária. Ele defendeu a Administração Municipal, apontando que ela alcançou bons resultados: os precatórios e despesas foram pagos, o repasse para a Funprev foi feito e os servidores municipais receberam o 13º em dia. Marcelo também abordou a situação da Lagoa da Quinta da Bela Olinda e resgatou uma sugestão que havia apresentado em 2024: criar no local um ecoparque nos moldes do Ecoparque Ciro Simão, de Duartina.
Márcio Teixeira (PL) foi o último vereador a usar a tribuna. Primordialmente, ele cobrou mais diálogo do Poder Executivo com o Poder Legislativo. Márcio lembrou que ao longo do seu primeiro ano de mandato a prefeita Suéllen Rosim (PSD) nunca compareceu à Câmara para debater os projetos encaminhados à Casa de Leis. E acrescentou: “Esta Casa, cada vez mais, se comporta como um cartório e um despachante do governo municipal”. Márcio também teceu críticas à condução das discussões em torno do PL n.º 94/2025 e ao distanciamento que, segundo ele, a Prefeitura tem em relação aos governos estadual e federal para viabilizar obras de grande envergadura para a cidade.
Reprodução: Câmara Municipal de Bauru


